terça-feira, novembro 08, 2005

França

De algum modo em França decide-se o futuro da Europa, e pela amostra não é brilhante. Em primeiro lugar existe um problema de ordem pública, que já devia ter sido resolvido há muito, e cujo arrastar tem como efeito imediato o possível aparecimento de milícias, criando mais um problema ás autoridades, e a um prazo mais longo, e com consequências mais graves, o fortalecimento da extrema direita, que, é bom recordar, já representa 15% do eleitorado. O modelo francês não funcionou e criou, pela dependência de subsídios, uma situação que muito difícilmente será alterada num futuro mais ou menos próximo. Estes actos de vandalismo, feitos por gente que vive em bairros pobres, mas que estão a anos-luz das bidonvilles dos imigrantes dos anos 60, cuja guetização são em parte responsáveis, que vivem num caldo de violência, cuja subsidiação nunca criou a necessidade de empreendimento é, e espero estar enganado, uma geração perdida. É necessário que os apoios dados a esta população sejam um estímulo à ascensão social, porque só assim é possível sair do círculo vicioso em que eles estão mergulhados. Existe também a necessidade de um equilíbrio entre os costumes de cada um e as regras da sociedade, e a "lei do véu", mudar peças de teatro de cidade, ou retirar obras de arte de exibição, para não ofender o grupo A ou B é um péssimo sinal do futuro dos direitos que na Europa levaram muitos anos e custaram muitas vidas a conquistar.
A Europa sempre foi um continente de movimentações populacionais e neste momento necessita de imigrantes, por variadas razões, mas é imperioso que estes se tornem europeus no que a Europa tem de melhor, o respeito, a tolerância e a aceitação das diferenças, e o direito que cada um tem em viver a sua vida conforme achar melhor, dentro obviamente dos limites da lei. A condescendência e o paternalismo com que durante anos foram tratados estes problemas, por vários governos, de várias orientações políticas conduziu ao que hoje se asssiste nos subúrbios de Paris e outras cidades.

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