terça-feira, setembro 16, 2008

Sexualidades alternativas

Volta a discussão dos casamentos homossexuais. Para além de ser uma matéria urgentíssima no Portugal dos dias de hoje, não é propriamente a questão principal. A questão central é a possibilidade de adopção ou da assunção de responsabilidades paternais ou maternais por parte de same sexers. Quanto à primeira questão, mesmo sendo o casamento civil um contrato especial, de pela sua natureza onde derivam direitos e deveres específicos, das três vinte e quatro, ou assumimos que são só para géneros diferentes e então parece-me um pouco ridículo as leis das uniões de facto, economias comuns e o caneco, ou é para todos e então deixem a malta casar-se com quem quiser e não chateiem. A adopção é naturalmente mais complexa. Os estudos que conheço, e que não sei qual o grau de isenção, referem que umas crianças adaptam-se muito bem, outras bem, outras nem por isso. Ora isto parece um bocadinho o que acontece com as famílias ditas normais. Para além disso - atenção amantes das igualdades – quem é mais prejudicado nesta matéria são os homens. Esta situação é ainda mais bizarra quando a lei ( ao que conheço…) permite que uma pessoa sozinha concorra a um processo de adopção. Por razões óbvias que me dispenso de explicar as mulheres podem ter filhos. Seja com inseminação artificial, nesta ditosa pátria ou no estrangeiro, seja com uma seringa (sim, há quem faça…) ou seja mesmo com um pequeno sacrifício. Na terra do capitalismo o Spike Lee arranjou uma personagem que ganhava dinheiro assim. As questões tanto do casamento como das adopções assumem outra dimensão se escarafuncharmos um bocadinho. Quando a SIIDA era um problema dramático nos EUA e havia mortos a torto e a direito, e como os casais homossexuais não eram casais de “papel passado”, portanto não eram familiares, existiam casos em que a família do doente impedia a outra parte de o ver quando estava no hospital, frequentemente em estado terminal. Este será um caso de desumanidade e talvez pouco frequente, mas se pensarmos em dinheiros, heranças e dívidas talvez tudo se complique um pouco mais. Idem no caso no das adopções. E se a mãe legítima da criança morre? A outra “mãe”, mesmo que viva há dez anos com a criança pode assumir a responsabilidade da criança, ou espetam com ela num lar da Santa Casa? Poder-se-á confiar no bom senso de um juiz ou de uma assistente social nesta matéria? Será uma boa ideia deixar isto à consideração do bom senso de alguém? Espero que a questão do casamento fique arrumada de vez, e sejam felizes para sempre. A adopção gostava de ver um debate sério sobre a questão, sobretudo sem ser em cima de datas de eleições ou usada como forma de distrair o pagode, porque inevitavelmente são temas que vão surgir com uma frequência cada vez maior.

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