O festim dos mata-frades
A recente crise da pedofilia na Igreja católica faz vibrar as cordas todas dos mata-frades da paróquia. Muita desta gente, deserdados do marxismo, precisam de qualquer coisa que faça estrondo e escandalize as burguesias que existem nas cabeças deles. Depois do casamento homossexual, que tanta histeria provocou em contraste com a mansa reacção a uma lei objectivamente discriminatória, faltava-lhes qualquer coisinha para apimentar a vida. Eis que a pedofilia entra de rompante pelas portas do Vaticano. Em bom rigor não entra nada, já lá estava quietinha e caladinha e pelas maravilhosas palavras dos Saraivas Martins desta terra era para continuar em paz. Em geral, as declarações do Vaticano são um desastre, que nem uma espécie de exegese das maiores trapalhadas consegue resolver. Talvez não fosse má ideia arranjarem empresazita de comunicação que lhes desse uma luzes sobre o mundo moderno. Mas os nossos heróis não se detêm em nada. Perseguem todo e qualquer crucifixo mais atrevido, denunciam presença da padralhada em qualquer inauguração de fontanário de aldeia, encanitam-se mais com a moral sexual da igreja do que a grande maioria dos católicos ou enfurecem-se no facebook com as tolerâncias de ponto para ir a Fátima. A vida tem mais sal se vivida dentro de uma gigantesca conspiração. Curiosamente ouviram-se pouco quando o actual Primeiro-ministro se reuniu uma carrada de horas com o Cardeal Patriarca para falar sobre a formação do Governo. Provavelmente reconfortados na certeza de lá estar também Maçonaria...
É certo que a Igreja Católica, que a língua de pau mata-fradense chama com deleite ICAR, está a colher aquilo que semeou ao longo de muitas décadas. Não é preciso aproximarmo-nos das particularidades da Irlanda, onde alguns casos roçam a demência, mas é muito curto hastear a bandeira da justiça canónica e fugir décadas e décadas ao direito dos homens. Especialmente quando a primeira, funcionando em moldes próximos da justiça portuguesa, poucos ou nenhuns resultados tem para mostrar. As observações mais informadas perdem-se entre a fúria dos aprendizes de Dawkins e as exaltações mais toscas das virtudes teológicas. O clamor exaltado com as declarações do Cardeal Bertone – um teria dado um belo pirómano, mas que se perdeu para a Igreja - contrasta com o silêncio sobre o estudo do John Jay College. Gritam e marram contra o celibato, que também me parece uma anormalidade, e esquece-se que muitas destas criaturas entraram para os seminários aos dez anos e vivem uma vida inteira com uma sexualidade imatura. O desnorte chegou ao ponto do Papa ter que dar orientações que incluem a entrega às autoridades dos prevaricadores, coisa que, é por demais evidente, deveria ter sido feita há muito tempo.
Mas como a razoabilidade e equilíbrio é para mariquinhas, em Inglaterra, cumprindo a tradição de vanguarda que a caracteriza, Richard Dawkins quer prender o Papa. Creio mesmo que Deus, se ele acreditasse nele, estaria no banco dos réus. Naturalmente por cá, e sempre na senda do progresso, pede-se a prisão do número dois. É mais ao nosso tamanho. Confesso que já não tenho paciência para esta gente que se porta com um adolescente que se vai masturbar e frente ao crucifixo do quarto da avó. Especialmente quando já dobraram o cabo dos quarenta vai para alguns anos.
A relação da Igreja Católica, e em sentido mais lato, das várias Igrejas e credos, com a sexualidade humana em geral, com estes particulares e em fundo com a posição da mulher são muito pouco pacíficas. Nestes casos, mais do que o contraste entre teoria e prática, custa muito a efectiva protecção que foi dada aos envolvidos. A Igreja falhou clamorosamente ao não proteger as vitimas e em não entregar os culpados à justiça dos homens.
1 Comments:
Bom bom é estar caladinho!
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