quarta-feira, dezembro 14, 2005

Civismos

O pior de visitar cidades civilizadas é o confronto com a nossa barbárie. Amesterdão não é um exemplo de arrumação doentia, mas é uma diferença considerável para Lisboa, desde logo pelo pouco trânsito na zona central, e mesmo com alguns "verdes tintos" os automobilstas respeitam os sinais e as passadeiras (aliás, os turistas é que respeitam pouco as faixas das bicicletas...). Todos os dias vou buscar os meu filhos à escola, não há um único em que não exista uma passadeira ocupada por carros, um condutor que não respeita a passadeira ou passa com o verde para os peões... Todos os dias... Isto não se passa num obscuro canto de uma terrinha perdida no mapa, não, é Avenida da República, na Defensores de Chaves, todos os dias, a qualquer hora. Ocasionalmente vou de carro, os lugares reservados à escola estão, na maioria das vezes, ocupados por gente estranha à mesma, os cruzamentos estão ocupados e fazem-se as mais estraordinárias manobras para poupar 2 minutos ou 400 metros. Isto, repito, acontece todos os dias, a qualquer hora, com muito ou pouco trânsito.
O que permite esta situação é a completa sensação de impunidade que existe em portugal. As hipotéses de se ser multado são escassas, e mesmo multado a probabilidades de não pagar e nada acontecer são grandes. Tenho para mim que a principal entidade responsável por esta situação é a câmara municipal, e naturalmente os seus sucessivos presidentes, porque, após uma melhoria com a introdução do estacionamento pago, a situação deteriorou-se atingindo hoje níveis que eu não me lembro de ver, e já circulo em Lisboa todos os dias vai para alguns anos...
Infelizmente os portugueses são um povo com pouca cultura urbana e de convivência com o outro e a forma como se relaciona com o espaço público é um bom exemplo, seja pela sujidade, cuspir no chão ou estacionar em cima dos passeios, e sendo verdade que para se adiquirir um sentido cívico se leva muito tempo, o processo pode ser consideravelmente acelarado se existissem políticas sérias, que teriam naturalmente uma tónica educativa, mas que sem dúvida numa primeira fase teriam que ser pouco tolerantes. E para além disso, se o sistema for eficiente , ajuda a combater o déficice...