Não senhora ministra! O que sai muito caro ao país é ter um ensino que não cultiva um mínimo de esforço, em que a balda, a má educação e a preguiça têm sempre uma explicação psicológica, que não se pode traumatizar as crianças, que, pobres coitadas, têm famílias desestruturadas, têm outros apelos muito mais fortes no exterior, que é necessário tornar tudo atractivo, fácil e doce de lamber os beiços de marmelada. Já está a sair muito caro, mas as estatísticas brilham o aproveitamento escolar progride a passos largos, tudo rumo a mais uns amanhãs que cantam. Quando batermos mesmo no fundo estes toscos que nos venderam estas merdas já se foram embora todos contentes que cumpriram o déficit e as médias europeias e como neste país não há memória ainda vão ser louvados por outros pategos da altura. Claro que depois, quando se compara aquilo deve ser comparado, os nossos estudantes coitados são prejudicados por uma qualquer razão extraordinária, mas que certamente não será o abandalhamento da escola e da autoridade dos professores. Não. Arranja-se mais uns psicólogos e sociólogos e pedagogos e o raio que o parta para continuar a explicar tudo. Quando jogava King noite dentro havia sempre uns maduros que nunca queriam fazer vazas (quando a ocasião era não fazer vazas, evidentemente…) e deitavam sempre uma carta mais baixa. Alguns sabiam o que estavam a fazer, outros não e nessa altura havia sempre quem dissesse “quanto mais se baixam, mais se vê as cuecas”, e esses outros acabavam sempre mal no fim do jogo. Ora, o que se passa na educação com este conceito de “…repetência não servir os alunos, as escolas, os países” em português quer dizer algo próximo da passagem quase administrativa. Claro que se fala em “trabalho precoce” de recuperação, na actuação da escola, no acompanhamento das crianças, em tácticas e técnicas luminosas, mas tudo redonda em formas de fazer andar a coisa para a frente e mostrar mais as cuecas. Conheço de um caso, nos tempos do apaixonado pela educação, em que só foi retido (eufemismo socialista para chumbar…) porque a criatura não assistiu a um terço das aulas. Um terço, se bem me lembro, é uma terça parte. Logo esta criatura, que fez poucos (ou nenhuns) testes, não teve qualquer trabalho de relevo nas aulas, não aprendeu nada, se tivesse estado presente em mais meia dúzia de aulas, provavelmente até a perturbar algumas delas, podia ter transitado para o ano seguinte. E a ministra e mais uma manada de psicólogos acharia normal, e até salutar. Mas claro que não figuraria nas estatísticas de reprovação. Claro que observando depois os cursos e as faculdades que existem por este país, e principalmente conhecendo alguns doutores que se cruzam no nosso caminho, e fácil perceber que o destino do país só pode ser a mediocridade.