quarta-feira, maio 31, 2006

Medicina alternativa

- O senhor tem que perder peso.
- Ó senhor doutor, se rapar os pêlos todos e cortar a unhas rentinhas, quanto é que perco?

terça-feira, maio 30, 2006

Vida

Escada sem corrimão

É uma escada em caracol
E que não tem corrimão.
Vai a caminho do Sol
Mas nunca passa do chão.

Os degraus, quanto mais altos,
Mais estragados estão,
Nem sustos nem sobressaltos
servem sequer de lição.

Quem tem medo não a sobe
Quem tem sonhos também não.
Há quem chegue a deitar fora
O lastro do coração.

Sobe-se numa corrida.
Corre-se p'rigos em vão.
Adivinhaste: é a vida
A escada sem corrimão.

David Mourão-Ferreira

segunda-feira, maio 29, 2006

Grandes acontecimentos que não têm a atenção devida

terça-feira, maio 23, 2006

O drama português

O debate desta noite foi uma triste imagem de Portugal, personificada numa figura habitada por uma dupla personalidade. Existe o Professor Manuel Maria Carrilho, eminente filósofo, com obra produzida e reconhecida por muita gente, valorizada até por quem dele discorda. Não tenho qualquer capacidade ou conhecimento para discutir o que quer que seja da obra e reconheço-lhe o valor, repito, pela forma elogiosa que fala mesmo quem dela discorda cientificamente. Existe depois o menino carrilho, adulto vaidoso e inseguro, cheio de si e com um relação nevrótica com o mundo, alicerçada na necessidade permanente de atenção, recorrendo ao que for necessário para tal. É próprio das crianças reagirem com gritos ou berrarem insistentemente até que reparem nelas. É desejável que o processo de crescimento encaminhe as personalidades para uma relação equilibrada com os outros e com o mundo. Um dos dramas da sociedade portuguesa passa muito por aqui, por um lado somos uns “gajos porreiros”, adaptamo-nos a tudo, temos realizações geniais, por outro, não crescemos, gritamos por atenção, não reconhecemos os erros, ou existe sempre uma razão maior e incontrolável que nos supera e sobretudo que nos isenta de qualquer responsabilidade. Eu não serei excepcional, e portanto não me posso excluir desta análise, mas ainda assim há um aspecto que ultrapassa a minha percepção, mais que ultrapassa, é para mim do domínio do ininteligível, como é que um individuo que é acusado de alterar entrevistas, de cortar o que não lhe convém, e pior, pois as entrevistas podiam ser editadas por várias razões, de acrescentar coisas que não disse, e que poderiam ter sido acrescentadas como comentário, permanece calmamente sentado impávido, e ainda tem o desplante de acusar os outros ser uma vergonha? Ou não é verdade, e se me acusassem de tal, provavelmente levantava-me e saía para não pregar um par de estalos em alguém, ou levantava-me e saía para não voltar a aparecer. Mas não, o menino carrilho culpa os outros, todos os outros que não o rodeiam da atenção e das vénias que ele entende merecer, cego aos dislates que faz e que diz, cego à mais gritante evidência da sua própria responsabilidade. Triste é o país que no século XXI tem estas exibições para oferecer como debate de duas horas e meia, é uma mediocridade que rasteja e que nos condena a uma espécie de inviabilidade como nação.

segunda-feira, maio 22, 2006

Um fim


Num copo alto uma rodela de limão com vestígio do último saphire tónico. Do cachimbo tombado sobre a mesa saem notas de latakia que se misturam com o ruído vindo da praça. É uma noite quente de Verão, numa varanda morro feliz.

terça-feira, maio 16, 2006

O fantástico mundo dos homens casados

É difícil mas é o nosso...

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sexta-feira, maio 12, 2006

Magic and loss

There's a bit of magic in everything
and then some loss to even things out
Lou reed - Magic an Loss

Sob o signo da verdade


"Quem não sabe foder diz que os colhões atrapalham"
Ditado popular ordinário

sexta-feira, maio 05, 2006

One Track Mind


Prescindia do jornal a qualquer dia, menos à sexta...

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quinta-feira, maio 04, 2006

O fim da história



Com a Primavera aparece muita coisa. Uma das piores é os chinelos, uma verdadeira metáfora do fim da história. Não o fim Marxista num paraíso das massas socialistas, não o fim de Fukuyama num paraíso de liberalismo engravatado, mas o fim da história pela boçalização das massas a chinelar pelas ruas fora...

Notas campestres

Quando houver tempo e paciência...