Via uma data de gente, e peço desculpa não me lembro de todos, nem tenho tempo para fazer os links, soube que o Pipi é uma mulher. Coisa extraordinária num país onde algumas das pessoas mais machistas que conheço são mulheres, onde apesar do discurso de fachada alardear o contrário, o sexo ainda é visto como uma coisa meio suja e pecaminosa. Onde vemos com a maior das naturalidades as crianças especadas na televisão que debita os preconceitos mais toscos sobre rapazes e raparigas sob a forma de desenhos animados japoneses e a afirmação adolescente das raparigas, para além das banhas de fora se faz pelo caralho e foda-se dito em alto e bom som em qualquer sítio. País que acha moderno passar um atestado de menoridade às mulheres introduzindo cotas na política – pensava eu que não querer participar na política caseira era um sinal de maioridade – mas que permite que industrias “de importância exemplar economia nacional” mantenham esquemas de discriminação de salários com base no sexo (ou no género, como é bem dizer agora…) e ainda por cima recebam subsídios de apoio. Neste jardim à beira mar plantado (cada vez mais na fase do estrume…) uma mulher escreveu o Pipi com que eu chorei a rir quando devia estar a trabalhar, e que ainda por cima tem hoje trinta e dois anos, deixa uma réstia de esperança no futuro do pagode. Não só merece esta senhora que lhe tiremos o chapéu à passagem, como também uma vénia de reverência…
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