terça-feira, janeiro 31, 2006

Os bárbaros...

Porque esperamos, reunidos na praça?
Hoje devem chegar os bárbaros.

Porque reina a indolência no Senado?
Que fazem os senadores, sentados sem legislar?

É porque hoje vão chegar os bárbaros.
Que hão-de fazer os senadores?
Quando chegarem, os bárbaros farão as leis.

Porque se levantou o Imperador tão de madrugada
e que faz sentado à porta da cidade,
no seu trono, solene, levando a coroa?

É porque hoje vão chegar os bárbaros.
E o imperador prepara-se para receber o chefe.
Preparou até um pergaminho para lhe oferecer, onde pôs
muitos títulos e nomes honoríficos.

Porque é que os nossos cônsules, e também os pretores,
hoje saem com togas vermelhas bordadas?
Porquê essas pulseiras com tantos ametistas
e esses anéis com esmeraldas resplandecentes?
Porque empunham hoje bastões tão preciosos
tão trabalhados a prata e ouro?

Hoje vão chegar os bárbaros,
e estas coisas deslumbram os bárbaros.

Porque não vêm, com sempre, os ilustres oradores
a fazer-nos seus discursos, dizendo o que têm para nos dizer?

Hoje vão chegar os bárbaros;
e, a eles, aborrece-os os discursos e a retórica.

E que vem a ser esta repentina inquietação, esta desordem?
(Que caras tão sérias tem hoje o povo.)
Porque é que as ruas e as praças vão ficando vazias
e regressam todos, tão pensativos, a suas casas?

É porque anoiteceu e os bárbaros não vieram.
E da fronteira chegou gente
dizendo que os bárbaros já não vêm.

E agora que será de nós sem bárbaros?
De certo modo, essa gente era uma solução.

Konstantino Kavafis

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As melhores motas do mundo


Ducati 900 ss, 1979

F***-**, palavras para quê?

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domingo, janeiro 29, 2006

O fantástico do mundo dos homens casados

Aquela lingerie surpresa anunciada com concupiscência, descoberta semanas depois na corda da roupa, facto rematado com um "ah! pois esqueci-me..."

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sexta-feira, janeiro 27, 2006

Palestina

A vitória do Hamas pode bem ser o fim do movimento terrorista. Ou entra na política e progressivamente abandona a violência, mesmo que surjam cisões que a prossigam, ou ao persistir por esta via leva a uma intervenção Israelita que acaba com ele, e muito provavelmente, com mais uns milhares de Palestinianos. De qualquer modo, e embora as prespectivas não sejam boas, só tempo dirá.

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Binoche

Anda muita gente na blogoesfera entusiasmada com a Binoche "roliça" de Caché, correndo o risco de ir contra a corrente, devo dizer que não gostei. Parece-me que aquele ar frágil não vai muito bem com uns quilitos a mais...

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terça-feira, janeiro 24, 2006

Os melhores títulos cinematográficos

Caché não quer dizer "nada a esconder". Aliás, é mesmo o contrário...

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sexta-feira, janeiro 20, 2006

Mário Soares

Mário Soares é o político mais importante da democracia portuguesa. É provavelmente o mais importante de todo o século XX português. Acredito que olhando o panorama dos candidatos da esquerda, Soares sentisse o impulso de se candidatar pensando que podia ser o trunfo que faltava, e assim evitar o tal passeio na avenida. Mas os tempos são outros, e mesmo para um povo que procura sempre soluções a olhar para trás, Mário Soares era demais. Depois houve a campanha que foi muito fraca, desde a apresentação rodeado de “notáveis”, mas todos deja-vú, passando pelas críticas a falta de cultura e principalmente as guerras com os jornalistas foi um somar de erros que tornou muito difícil uma situação que desde início era pouco favorável. Em todo o caso Soares é dono de um património invejável, e mesmo que esta campanha se tenha revelado um erro, mesmo com as gaffes, que sempre houve, mesmo sem a resposta pronta e o entusiasmo popular de outros tempos, mesmo carregando (como todas as campanhas ligadas a partidos) uma indisfarçável máquina de propaganda, nada disto mancha ou diminui a dimensão, a importância de Soares e o seu lugar na história de Portugal, nem o facto de, e eu não tenho qualquer complexo em admiti-lo, lhe devermos a democracia que hoje temos. Não é o meu candidato, mas se do resto não contar a história, que fale da coragem de um homem de 80 anos em não se resignar e em mostrar-nos a energia que por estes dias exibiu.

Boa sorte, Dr. Soares!

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Presidenciais XXI (...e último, acho...)

O meu voto vai para Cavaco Silva pelas razões já apontadas, que no geral a campanha veio confirmar. Manuel Alegre, que nos debates demonstrou pouca preparação e consequentemente perdeu votos, recuperou no período de campanha e embalou para um bom resultado. Jerónimo de Sousa e Francisco Louçã prosseguiram a sua luta partidária com um sucesso que só poderá ser aferido no dia 22. Garcia Pereira foi prejudicado por não aparecer nos debates, beneficiando Louça, de qualquer modo é sempre um voto marginal (e no século XIX…). De Mário Soares falo à parte.

Mantenho que Cavaco ganha à primeira, e com alguma margem, no entanto se for para segunda volta estará em maus lençóis. Já me parece mais difícil que Alegre ultrapasse Soares, penso ainda assim, que se o fizer e for a segunda volta tem mais possibilidades de derrotar Cavaco Silva que Soares.

Há muito que existe uma saturação com esta campanha, mas desengane-se quem pensa que domingo acaba tudo, na oposição à direita do PS, silenciosa durante este tempo, as lutas internas vão voltar em força. No PS, só no cenário de uma vitória de Manuel Alegre em segunda volta poderia existir alguma contestação, mas José Sócrates tem o poder e se for preciso resolve a questão com um congresso extraordinário, que ganha com toda a facilidade. Para o PCP as eleições são pacíficas, saindo Jerónimo com o carisma reforçado e se o resultado for claramente superior ao Bloco o próprio partido reforçado, agora no BE temo que o aparecimento de um líder claro associado a um resultado menos bom inicie um processo de tensões internas, que no fundo não é mais que uma crise de crescimento que, tarde ou cedo, não escapará. Garcia Pereira e o PCTP/MRPP (apesar de tudo, gosto de escrever este nome…) continuarão a viver no século XIX.

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quinta-feira, janeiro 19, 2006

Post um bocado homofóbico

Quase tudo tem um fim. O último reduto eram as "coibóiadas", era tudo homens de barba rija, que podiam até ser "sensíveis", "meigos", "compreensivos", mas não havia cá "mariconços". Agora há, sinais dos tempos. Mas fica sempre alguma nostalgia quando os mitos acabam...

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K7's

Ainda se lembram?..

O fantástico mundo dos homens casados

É mais ou menos isto...

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quarta-feira, janeiro 18, 2006

As melhores motas do mundo

Brough Superior SS100, 1932
George Brough publicitava as suas máquinas como "os Rolls-Royces das motas", que motivou um processo por parte do fabricante de automóveis, posteriormente retirado após a verificação do cuidado com que eram fabricadas as Brough Superior.

Fast Foward

Um dos aspectos interessantes do e-mail é desresponsabilização que ele aparentemente permite. Recebo anedotas, fotografias, textos e por aí fora de pessoas que tenho a certeza quem nunca o fariam de forma directa. Das duas uma ou existe uma espécie de pudor que os retrai e não mostram a sua verdadeira natureza no contacto pessoal, ou como me parece mais provável, o correio electrónico, e em particular a ferramenta que permite reencaminhar as mensagens confere, mais que uma espécie de inpunidade, uma aura de inocência a quem simplesmente nos passa qualquer coisa como se de um qualquer objecto que não alcançávamos se tratasse.

terça-feira, janeiro 17, 2006

Ao rosto vulgar dos dias

Monstros e homens lado a lado,
Não à margem, mas na própria vida.
Absurdos monstros que circulam
Quase honestamente.
Homens atormentados, divididos, fracos.
Homens fortes, unidos, temperados.
*
Ao rosto vulgar dos dias,
A vida cada vez mais corrente,
As imagens regressam já experimentadas,
Quotidianas, razoáveis, surpreendentes.
*
Imaginar, primeiro, é ver.
Imaginar é conhecer, portanto agir.

Alexandre O´Neill

O vento

"There´s something about the wind. It strips you of assurances, working into you, continuous, making you feel the hidden thiness of everything around you, all the solid stuff of a hundred undertakings - the barest makeshift flimsy. "
Don DeLillo
"The body artist"

terça-feira, janeiro 10, 2006

King

O pior do King é as máquinas de projecção movidas por um motor diesel com mais de trinta anos.

segunda-feira, janeiro 09, 2006

A Morte e o "Dakar"

A morte ronda o "Dakar" como rondou sempre as grandes aventuras.
Hoje levou Andy Caldecott...

segunda-feira, janeiro 02, 2006

Lisboa - Dakar

Sigo o “Dakar” desde 84/85 quando ainda Thierry Sabine era corpo e alma do projecto. Assisti à sua morte, aos altos e baixos por que passou a prova até à relativa estabilidade dos dias de hoje, e sobretudo às críticas crescentes à profissionalização das equipas e pilotos e a consequente descaracterização do “espírito original”. A presença e investimento das marcas é o resultado do sucesso alcançado, e de alguma forma um tributo a Sabine, mas esta posição é também uma grande injustiça para com uma grande parte dos concorrentes para quem o “Dakar” é uma aventura, e mesmo uma das maiores, para quem, que com meios limitados, apenas quer chegar ao lago rosa, e que voltam a participar, quando podem, como podem. Assistir à partida em Belém foi algo que nunca imaginei, no entanto, melhor mesmo era partir com eles...

Publicidade

Será normal a PT usar o hino nacional num anúncio?..

Promessas de ano novo...

Tornar a minha barriga invisível aos satélites militares americanos...