terça-feira, fevereiro 27, 2007

Ó filho, isso não cai...

Há um ano e meio, mais coisa, menos coisa, que me intrigam as grades frente a um centro comercial no Saldanha. Inicialmente pensei que fosse para um desfile, comemoração ou gravação de uma telenovela qualquer. Depois a esperança luziu e disse para mim mesmo em voz alta “vão arranjar o passeio” – passeio esse que é um espaço manhoso com recortes de estacionamento impedido por uns animais estranhos com duas patas de cimento unidas por um tubo verde. Depois o tempo passou e comecei a suspeitar que era simplesmente o edifício que estava a largar peças. Ora hoje no Público (o tal que o patrão não deixa fazer links) confirma a coisa. O mais extraordinário é que pandilha que gere aquilo já foi intimada a fazer obras em 2005, mas como está em litigio com a construtora, não fez. Ora a Avenida Fontes Pereira de Melo pode ser feia e desagradável, e seguramente muito pouco apetecível para passear, mas ainda assim é uma das avenidas mais movimentadas de Lisboa. E mesmo que fosse o Beco do Cu Torto, com os seus dois moradores que não saem de casa porque estão velhos e zangados com o mundo, não é de modo algum compreensível que uma administração local permita que um edifício permaneça naquelas condições. Não sei que raio de legislação permite isto, mas dado que existem evidentes riscos para a segurança pública parece evidente que as obras já deviam ter sido feitas, nem que fossem a expensas do município. E depois naturalmente alguém pagaria com os devidos juros. Ora como é sentido na pele por todos que pagam impostos, as almas gentis que nos governam (seja em que nível for) sempre manifestaram pouca preocupação com o que fazem com o nosso dinheiro, logo não se preocupariam em escolher a empresa mais barata, como um dia acontecerá, se acontecer, com quem o tribunal determinar. Assim, a nossa amorosa CML, escolheria um empreiteiro em função de critérios técnicos, prazo de execução, e por aí fora, e depois apresentava a conta, quando o imbróglio jurídico ser resolvesse. Não sei se os juros dariam para fazer um passeio civilizado como devia existir naquele local, mas de uma coisa tenho a certeza, se por azar alguém morrer ali por ter caído uma pedra (e não precisa de ser muito grande), não só a obra é logo feita, como dificilmente alguém será responsabilizado. E se for será sempre tarde de mais…

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quinta-feira, fevereiro 22, 2007

Dias úteis

(...)
Por motivos talvez claros
o prazer é o que nos torna
os dias raros

Por pretextos talvez fúteis
a alegria é que nos torna
os dias úteis
(...)

Dias úteis -Sérgio Godinho

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O sol da Caparica

O mar que tantas glórias trouxe a Portugal. O mar que tantas alegrias e tristezas trouxe a este cantinho de Europa (?). O mar dos poetas, o mar dos solitários, dos suicidas, dos pescadores de fim-de-semana. Dos bikinis de Verão, dos barcos, das esplanadas. O mar que nos traz o peixe que ninguém faz como nós, esse mesmo mar dá de bandeja uma oportunidade para acabar com a merda dos parques de campismo manhosos, dos bares foleiros com casas de banho nojentas, com toda a javardice que se fez na Costa da Caparica com a conivência de toda a gente que teve algum poderzinho, com a conivência do egoísmo e da falta de sentido civilizacional de todos. O mar que por incúria, irresponsabilidade de todos ameaça a zona, e logo permite que a pretexto da “segurança”, da “necessidade extrema de preservar as dunas e a linha costeira” por fim a um dos piores exemplos de selvajaria portuguesa, oferece esta oportunidade a esta gente e neste país de castrados ninguém põe fim aquilo e tenta fazer daquilo uma praia como não existe junto a nenhuma capital Europeia.

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Há dias assim...


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quarta-feira, fevereiro 14, 2007

Um Salazar duplo, se faz favor.

Ontem houve Salazar, vezes dois. Gostava que me explicassem melhor esta história dos grandes portugueses. Corrijam-me se estiver enganado, mas a coisa não era para ter acabado com a primeira eleição, a tal que elegeu o António do antigamente? Pois. Desde logo parece-me uma coisa tosca eleger um grande português, ou mesmo dois, três ou dez. O mesmo formato noutras paragens suscitou um desinteresse acentuado e acabou a eleger figuras tão previsíveis, quanto discutíveis. Portugal não tem cem anos, nem (pasmem-se por favor) duzentos ou trezentos. Acho surpreendente estabelecer comparações lineares entre figuras tão díspares, quer cronologicamente, quer naquilo que fizeram, ou na sua influência na história, na existência ou no ser Português. Dos cem melhores ficaram os noventa mais, e a amostra tem logo pérolas extraordinárias (O que é um “Hélio Pestana”?). Mas temos os dez finalistas, e destes uma competição renhida entre Oliveira Salazar e Álvaro Cunhal, o que demonstra bem a tristeza do pagode que se presta a votar nestas coisas. E a festa não acaba aqui; se um lado envia-se uma mensagem pedindo para ligar para um determinado número e pimba, vota-se no seco ditador; do outro o PCP mobilizou-se para eleger o saudoso líder. A RTP, organizadora da coisa sustenta esta palermice, e uns quantos intelectuais (?) prestam-se a defender os candidatos. Mas, o nosso país é de uma alegre bizantinice, e não bastando a tontice do serviço público, eis que surge um grupo de graçolas incontinentes de um programa de suposta má-língua a eleger o pior português. Este maravilhoso programa caracteriza-se pela habitual sobranceria bem pensante da pior esquerda, pontilhada por algum cinismo anti-sistema barato. E claro tem um palhaço. Raramente vi a coisa, e é certo que posso ter tido sempre azar, mas foi o que calhou. Destes tontos o senhor Daniel Oliveira, que corporiza o melhor exemplo do intelectual do ensino secundário, é o mais curioso. No dito programa tudo pode ser achincalhado, excepto as vacas sagradas do menino Oliveira. A menor referência o interlocutor é fulminado com os exaltados argumentos inquestionáveis deste zeloso polícia do pensamento. Mas o ridículo não tem limites e ontem à noite redefiniu-se a escala. Quando o Dr. Soares apareceu à frente (o que convenhamos, tinha piada), o nosso Trotsky de algibeira tratou logo de manifestar o seu asco (até desmentiram que se preparava uma chapelada). Volto a lembrar, isto é um programa de humor, portanto a eleição era a gozar com o esquema. Certamente por uma feliz coincidência, na mesma noite em que o destro Nogueira Pinto defende (calculo que entusiasmadamente) o velho ditador, esta trupe lutando contra hackers de braço estendido, inimigos jurados vindos de todos os quadrantes políticos ressentidos de tudo e mais alguma coisa salvou o bonacheirão Soares por 180 votos. E o guarda Oliveira rodeado por uma plateia bem pensante lá manifestou o seu alívio e simultaneamente o júbilo por mais uma punhalada no velho fascista. Claro que foi tudo regular e democrático e equilibrado e de grande confiança. Esta gente é ridícula e pior, mais que ridícula, a incapacidade que demonstrou em rir-se de si própria revela bem a alta importância que se atribui. O mais espantoso é que eles estão mesmo convencidos que são o farol de modernidade derramando luz sobre o atraso lusitano. A bem da nação, como dizia o outro.

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S. Valentim

foto:Sebastian Ritter


O amor é como um fósforo, só arde enquanto há pau.
(não rima, mas é verdade)


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terça-feira, fevereiro 13, 2007

Os estalinezinhos de natal

One track mind

Diga "segue-se" três vezes, muito depressa...

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quinta-feira, fevereiro 01, 2007

A fome e a vontade de comer

Ontem ouvi (por engano) um debate entre João César das Neves e Daniel Oliveira. Querem mais razões para partir para o exílio?

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"Le Club"(ainda não parei de rir)

Juro que não conhecia isto antes do post anterior...

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A china aqui tão perto...


Será pior Pinhices chinesas ou luso-justificações Canáticas?

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Talla 38 Zapatero

Confesso que no início até simpatizei com o homem. Ou por outra não com homem propriamente, pois foi logo anunciado como um poço de virtudes que não gostava de comer, não bebia álcool e era muito regrado na sua vida. Se fosse nórdico, suíço ou de um qualquer país cuja gastronomia e beberagem fosse pobre, ainda se compreendia, mas espanhol, é ser tosco. De resto, desconfio sempre de quem pouco preza os prazeres sensoriais. Mas apreciei o seu esforço de raspagem de alguns resquícios mentais do franquismo. Na minha ingenuidade, ou falta de inteligência ou mesmo numa junção catalítica das duas, não me apercebi que davam a metralhadora ao idealista. Assim temos aqui ao lado um “homem de esquerda”, dos que não têm dúvidas, dos que não têm medo, dos que sabem exactamente o que querem e nada os vai deter. De resto neste formato esquerda ou direita são muito parecidas. As medidas seguem-se segundo a cartilha mediática politicamente correcta. Tivemos o tabaco, tivemos os lenços palestinianos, tivemos a purificação memorial da guerra civil, temos de há uns tempos para cá os tamanhos padronizados. A cabeça destes senhores é que é padronizada, e o sonho deles é padronizar-nos a todos. As modelos com índice mínimo para proteger as adolescentes delas próprias, sem ter que as obrigar a crescer e pensar pela própria cabeça. Os manequins nas montras com tamanho 38 (imponham uma altura máxima antes que alguém descubra que se obtém o mesmo efeito delgado aumentando-a). Segundo um “Público” (já nem procuro links) da semana passada, agora vamos adaptar os tamanhos “à mulher real”. Assim mesmo “à mulher real” (juro que por um momento pensei que a medida era a da rainha Sofia). Mas não. Diz a ministra da coisa:

“Não é razoável que numa sociedade moderna e avançada se criem estereótipos de beleza desfasados da realidade. É um compromisso de todos que a beleza e a saúde andem de mãos dadas”.

Não sei por onde começar. Julgar as mulheres com base na aparência física não é de porco machista? Não havia para aí umas campanhas que nos convidavam a vivermos com o nosso próprio corpo? Devo viver angustiado por ser casado com uma mulher desfasada dessa tal realidade ou por gostar de mulheres desfasadas dessa tal realidade? Vão obrigar a engordar que é magro? Vão proibir roupas com tamanhos pequenos? Ou os tamanhos pequenos são todos da Floribella para evitar a sua utilização a partir dos dezasseis anos? Afinal o que mata mais no mundo ocidental é a anorexia ou a obesidade?

Talvez explicar a esta espécie de Jdanovistas higiénicos que os estereótipos de beleza foram sempre desfasados da realidade. Talvez dizer-lhes o truque dos números menores já está gasto. Talvez o melhor fosse explicar que em vez de ajustar os tamanhos à realidade “como factor preventivo da baixa auto-estima” como pretende a Drª Isabel do Carmo (Deus nos livre de algum dia tal alma ministrar as nossa barrigas), é mesmo melhor obrigar as pessoas a ser crescidinhas. Dá mais trabalho, leva mais tempo, mas garanto que tem resultados muito melhores.

P.S. – O Aston Martin que está à venda no stand perto da minha casa está completamente desfasado da realidade do meu Toyota Corolla. Não se pode fazer nada por isso?

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