quinta-feira, abril 24, 2008

A lenda da ministra grávida e das gajas nuas

Claro que o mais certo era dar numa coisa destas! (obrigadinho, Ó blasfémias!) A história da ministra grávida encanitou-me o espírito desde o início. De um lado o machismo mais primário que existe em muito maior quantidade que a generalidade da sociedade pensa. Era o insulto aos gernerais espanhois, as voltas do generalissimo no túmulo, que era só publicidade e por aí além. Do outro os amantezinhos do politicamente correcto a tecerem loas aparvalhadas à fotografia. Da unica coisa que importava saber, qual a preparação e qualificação da dita senhora para ministra nem uma palavra. Bastava ir aqui. Há coisas que não aprecio no senhor Zapatero, muitas aliás, e não é descabido que a escolha seja totalmente inocente em termos de imagem. Mas nem a moça é completamente desadequada para o cargo, nem a gravidez é uma doença. As reacções mais toscas e primitivas vinda da direita espanhola (e não só...) demonstram que talvez Espanha não precise de um Zapatero mas de dois. Infelizmente esta obsessão politicamente correcta revela-se como uma espécie de infantilidadade da esquerda moderna, que nos governos deste senhor ataca ciclicamente com os mais altos disparates. Resta aos resignados militares espanhóis fazer uma vaquinha nos quartéis para apreciarem os densos e aprofundados artigos da Interviú ou saber das movimentações do mundo do esférico em Espanha, naturalmente com o devido respeito pela hiérarquia. Ou será mesmo para não andarem por outros sites menos gráficos mas mais inconvenientes, daqueles onde se tenta pensar um bocadinho...
(Parece que o rei comentou que a ministra era "muy guapa". Grande rei, este Juan Carlos...)

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sexta-feira, abril 18, 2008

Contra os "iluminados"

Seja Menezes. Seja Santana. Seja pior ainda (Credo, lembrei-me do Ângelo Correia!!!), uma coisa é certa; eles não se foram embora.

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terça-feira, abril 15, 2008

Os dias do fim

Existe nas tragédias gregas um momento em que as personagens têm o poder de mudar o rumo dos acontecimentos e evitar o cruel destino que se avizinha. Mas um gesto, uma atitude, uma recusa ou aceitação, empurra-os pela ladeira e precipita o fim anunciado. Claro que se essa perdição fosse evitada não existiria tragédia, aspecto útil na condução das nossas vidas mas conclusão tosca para se olhar para a literatura. O PSD entrou há alguns anos nesta vertigem e o futuro aponta, com a mesma inevitabilidade para o negrume. Serve esta simplificação literária para apontar o momento em que Durão Barroso, deixando a amargurada Pátria para rumar à mais prazenteira Europa, como o inicio do drama puro e duro. Na minha inocência, ou diria mesmo obtusidade analítica, convenci-me que seria Manuela Ferreira Leite a tomar o leme do governo e a desgraça seria evitada. O mandato cumprido até ao fim e mesmo sendo provável a vitória do PS nas eleições seguintes, esta seria com maioria relativa. A vida governamental teria sido muito mais difícil, e as trapalhadas dos ministros, aeroportos, pontes, licenciaturas, arquitectura típica, pinhice crónica e outras que já muito há que poderiam ter lançado o PS para o seu habitual regime de facções autofágicas. Mas o PSD estava no seu momento grego, tirou da cartola Santana & amigos, a cadeia de acontecimentos torna-se incontrolável e tudo escapa ao controle dos mortais. Os nossos heróis ainda resistem atabalhoadamente com Marques Mendes, mas o destino estava traçado e no desfecho abate-se a temível bipolaridade negativa Menezeana que se caracteriza por alternar entre o disparate e o grande disparate. De todo o lado neste partido surgem criaturas dignas de um exército das trevas, desde o intrépido Ribau, ao inacreditável Marco António até ao sinistro Correia (que entretanto parece querer saltar do barco), o PSD parece uma nau de loucos em chamas a navegar sem rumo. Para completar o quadro imagino mesmo que por trás, qual deus grego, Sampaio conspirava para remover Ferro Rodrigues, ferido de morte política e já sem pés onde dar mais tiros, perscrutando no oráculo um nome filosófico, que afinal também dominava outras valências do conhecimento. Nem sempre as melhores, nem da melhor maneira…

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segunda-feira, abril 14, 2008

Metas da decadência mental

O estado lamentável que por vezes assume o debate político em Portugal leva-me, infelizmente cada vez com maior frequência, a evitar notícias de qualquer tipo. Não vejo televisão, não ouço rádio, não compro jornais. Não só tem aumentado a frequência, como principalmente estes períodos de ressaca da realidade aumentam no comprimento. Muitas vezes não é tanto não saber das coisas, mas como se o meu pobre e lento intelecto pura e simplesmente não reconheça a informação. Assim passou-me ao largo toda a polémica com a Fernanda Câncio e luminosas personagens do PSD. Certo que a senhora nem sempre é fácil, mas não é este o caso. Penso mesmo que talvez seja uma forma de defesa inconsciente contra o resvalar para a imbecilidade, ou para o terrorismo. Adiante. Creio que o dito episódio começou com um tal inho inho, porta-voz para assuntos da imprensa da bancada par(a)lamentar do maior partido da oposição. Título espantoso para aplicar ao actual PSD. Dispenso-me de descrições, já gente suficiente e sobretudo mais capaz falou e deixo esta amostra do diário digital. Uma das características apaixonantes desta gente que lidera o tal partido é a sua capacidade de, uma vez atingido o funda da escala, aparecer alguém com capacidade de a redefinir, acrescentando insuspeitas profundidades. E quem mais preparado para estes esforços senão o inefável Gomes da Silva. Lê-se e não se acredita. Uma criatura que sofreu um dos vexames mais extraordinários que tenho memória. Não foi tanto o Professor Marcelo lhe ter chamado estúpido - certo que com alguma elegância, mas a mensagem era clarinha – mas num espantoso e raro momento de génio televisivo, tê-lo demonstrado ao vivo e a cores, com um rigor académico frente a uma comissão qualquer. Eu rasgava a vestes, pegava num bordão e caminhava para o Ganges para não mais voltar. Ou pelos menos calava-me e seguia a minha vidinha sem dar nas vistas. Mas não. E francamente tenho medo de saber porquê.

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