quinta-feira, novembro 30, 2006
Voto sim, mas não me apetece dar explicações. Nem andar em comícios histéricos, e vai haver bastante disso; nem insultar outras pessoas, e vai haver bastante disso.
segunda-feira, novembro 27, 2006
Cesariny
Depois de oitenta e três anos de Cesariny podemos descansar?
Não. Precisamos de mais oitenta e três.
Não. Precisamos de mais oitenta e três.
sexta-feira, novembro 24, 2006
Chuva
It's more than rain that falls on our parade tonight
it's more than thunder it's more than thunder
it's more than a bad dream now that I’m sobber
nothing but sad times nothing but sad times
none of our pockets are filled with gold
nobody's caught the boquet
there are no dead presidents we can fold
nothing is going our way
and it’s more than trouble I’ve got myself into
it's more than woe-be-gotten grey skies now
it's more than a bad dream now that I’m sobber
there’s no more dancin’ there’s no more dancin’
and it’s more than trouble I’ve got myself into
nothing but sad times nothing but sad times
none of our pockets are filled with gold
nobody's caught the boquet
there are no dead presidents we can fold
nothing is going our way
and it's more than goodbye I have to say to you
it's more than woe-be-gotten grey skies now
it's more than thunder it's more than thunder
it's more than a bad dream now that I’m sobber
nothing but sad times nothing but sad times
none of our pockets are filled with gold
nobody's caught the boquet
there are no dead presidents we can fold
nothing is going our way
and it’s more than trouble I’ve got myself into
it's more than woe-be-gotten grey skies now
it's more than a bad dream now that I’m sobber
there’s no more dancin’ there’s no more dancin’
and it’s more than trouble I’ve got myself into
nothing but sad times nothing but sad times
none of our pockets are filled with gold
nobody's caught the boquet
there are no dead presidents we can fold
nothing is going our way
and it's more than goodbye I have to say to you
it's more than woe-be-gotten grey skies now
TOM WAITS "More Than Rain"
Blow Wind Blow
Entre os que passei por cima com o carro, os abandonados na rua junto ao passeio e os amarfanhados nos caixotes de lixo, parei de contar quando cheguei aos dezoito guarda-chuvas...
quarta-feira, novembro 22, 2006
segunda-feira, novembro 20, 2006
As plásticas e os ratinhos
Pode ser que tenham sido um pouco ridículas as notícias sobre as supostas plásticas de Berlusconi. Até pode ser ridículo que os mesmos apontam as ditas do senhor, agora não digam nada das que, supostamente, Ségolène fez. Mas o que é mesmo ridículo, para além de se preocuparem com estes assuntos, é os ratinhos que por aí chiam agora-ninguém-diz-nada-só-por-que-a-senhora-é-de-esquerda...
quinta-feira, novembro 16, 2006
Da superioridade do capitalismo internacional
O capitalismo nunca há-de morrer porque é demasiado criativo e solto de qualquer ortodoxia. No limite vai sempre arranjar mais uma coisa para vender...
quarta-feira, novembro 15, 2006
Ir ao cinema
Por não perceber isto, é que que nos zurzem o cérebro com a porcaria dos filmes sacados da net, os home cinema e com o preço dos bilhetes.
Ir ao cinema, não é só ver um filme numa sala escura, é uma experiência filosófica.
An affair with isolation
O pior não é caminhar pelos jardins desolados do Campo Pequeno, ser acompanhado pelos fantasmas da Feira Popular e quase atropelado em Entrecampos. Esmagado pelo monstro silencioso da Biblioteca Nacional, passar pela “111” fechada (a arte devia estar sempre aberta…), subir a Alameda ladeando tardozes pardos entre árvores e carros suspeitamente estacionados no escuro. O pior não é terem feito da entrada principal da Aula Magna, que de qualquer modo já não dava para lado nenhum, um estacionamento, nem a bilheteira ser um “L” de duas mesas de faculdade numa porta exterior aberta. O átrio ridículo, os tectos de uma cor funda indefinida, ou de um creme doentio a iluminação manhosa que agrava a pedra verde das paredes ou os painéis de mosaico tapados por bancas de vendas improvisadas. O pior não é o bar, qual roulotte de bifanas gordurosas, que aterrou na mezzanine, não é o balcão nem as mesas nem sequer as cadeiras. Nem mesmo a sandes mista em pão meio mole e a cerveja amarga com pouco gás. O pior não é as cadeiras forradas a verde bilioso ou as cadeiras extras de plástico preto (sim, daquelas de jardim…). Nem a primeira parte com uma progressiv metal band foleira, com som mau que por vezes tornava incompreensível o vocalista. O pior não é os quilos a mais, os comícios anti-Bush-Blair-Guerra-do-Iraque seguidos dos aplausos desmiolados do costume. Nem as primeiras músicas dos álbuns a solo, o Rossini no intervalo, mais uma vez com um som horrível. O pior não é comemorar vinte anos de Misplaced Childhood com hippies de vinte anos todo o concerto em danças exóticas, barrigudos em t-shirt’s de alças camufladas ou dos Marillion ruças pela idade do disco. Não é a falta de cheiro a haxe, nem o cheiro a peido com que um vizinho de concerto nos brindava alegremente. O pior não é os enganos na letra, as fífias ou a falta de electricidade a alguns instrumentos num dos momentos introspectivos. Nem mesmo o facto de eu próprio saber ainda as letras decoradas em longas horas gastas na CP e na Carris. O pior não é no fim de tudo, depois de em encore, e em coro, termos passado por Incommunicado, Market Square Heroes e Fugazi, e mesmo com uma dor de cabeça que me faz velho demais para estas andanças, ter gostado de voltar a ser o bleeding heart poet dos dezasseis anos. O fim da linha, o pior de tudo é sair do concerto, voltar a pé para casa sem ter o meu walkman amarelo com a cassete do Real to Reel e Fish a gritar-me aos tímpanos “…just another forgotten son.”
Teologia rápida
... don't you know there ain't no devil, there's just god when he's drunk.
Tom Waits "Heartattack and Vine"
terça-feira, novembro 07, 2006
A Madeira é um Jardim...
A moda da estação é as piadas, e algumas muito boas, com Alberto João Jardim e as finanças madeirenses. Por mim estou à vontade, nunca gostei dele, há muitos anos que se anda a pôr a jeito e diria mesmo que ás vezes acho o homem um argumento vivo contra a democracia. Quem já esteve na Madeira duas ou três vezes e assistiu ao telejornal facilmente percebe a obtusidade da vida política local, que a juntar a um meio sufocante e genericamente inculto não pode dar bom resultado. De espantar é que tenha levado tanto tempo para alguém resolver por ordem na coisa. Mas, e este país tem sempre um “mas”, mais do que um simples “a lei é igual para todos” e a questão avança sem alaridos, é muito triste, para não dizer que é um péssimo sinal, o tom espalha brasas com que se está a fazer. Compreendo que ao governo a coisa dê jeito, distrai a malta, provoca o riso alarve, mas lá no fundo está misturado o velhinho prazer mediocremente portuga do achincalhamento mesquinho com manobras políticas pouco sérias. Eu não gosto do Alberto João, não tanto pelas asneiras que diz, pelos fotografias dos almoços de tanga bem regados, no Porto Santo ou o desfile carnavalesco vestido de uma qualquer personagem bizantina. Não. O pior dos Albertos Joões deste país é a corte de oportunistas, cretinos, e outros adjectivos pouco abonatórios que vive e se alimenta na sua sombra. Grupinhos e personagens que ele criou e sustentou durante estes anos todos, e que não tenho dúvida o atirarão borda fora se for necessário, e muito rapidamente. Claro que a maior parte também não irá muito longe sem ele, mas desenganem-se aqueles que pensam que a situação mudará significativamente com a fúria que aí vem. Não só os impedidos do homem não são grande coisa, como o resto da oposição, nomeadamente o PS Madeira, também não brilha muito. Acresce ainda que não tenho a certeza que este clima de confronto directo não acabe por favorecer Jardim, e o seu discurso maniqueísta. Claro que era bom arejar o ambiente, mas não me surpreenderia que daqui a uns anos as personagens fossem as mesmas, ou, para desgraça de muitos madeirenses, piores ainda…
quinta-feira, novembro 02, 2006
A vida Moulinex
Aqui. Por variadas razões, nem sempre as melhores e nenhuma académica, frequentei durante vários anos a faculdade de Direito e o panorama não era diferente. Agora com as obras não sei como está. Mas na universidade por onde me arrastei anos demais, o panorama de desleixo para com as instalações não era muito diferente. O improviso, a má qualidade de construção, a colonização de espaços em todo o sentido desapropriados para qualquer função lectiva, aliados ao proverbial egoísmo e falta de respeito por tudo o que não seja o curtinho horizonte de quem por lá andava, dificilmente produz outra coisa que não seja gente para ser triturada pela vida. Muito contentinha com as suas pequeninas conquistas, mas um, dois, três... já está. Portugal passou rapidamente de um país miserável para um país remediado, sendo que esse remédio passa pelo carro, telemóvel com máquina fotográfica, plasmas e férias em praias desmioladas a seis ou sete horas de avião. Dirão, certamente com razão, que é assim em todo lado. Não é, ou por outra pode ser que seja, mas nesse "todo lado" místico existe também gente, pelo menos em quantidade suficiente, para que o resto funcione, para que existam livros traduzidos a tempo e horas, para quem o espaço público é um bem a que todos têm direito, para quem o cinema não é só para comer pipocas, vai ao teatro, aos museus, em suma, para quem é mais importante ser civilizado do que ter um BMW ou qualquer outro electrodoméstico da mesma gama. A culpa é de tudo o que queiram imaginar, mas nunca nossa. Não, a culpa é nossa. Por educarmos os nossos filhos com a mesma mentalidade de voragem consumista, o mesmo egoísmo, onde descarregamos a nossa frustração ou exercemos o nosso poderzinho pequenino, porque é mais fácil, porque senão dá trabalho, gozam com eles na escola e nós estamos tão cansados... É pena.